Caroline Pivetta, que participou no ano passado de uma invasão do pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, e pichou paredes e vidros no primeiro dia de visitação da 28ª Bienal de São Paulo, foi condenada ontem a quatro anos de prisão, em regime semiaberto, por formação de quadrilha e destruição de bem protegido por lei.
O advogado Augusto de Arruda Botelho, que defende Caroline, afirma que vai recorrer. "Com todo o respeito que temos pela Justiça, a sentença tem defeitos técnicos e fáticos", disse ele. A jovem não vai ficar presa, já que a Justiça permitiu que recorra em liberdade.
Botelho diz que a jovem sempre admitiu que pichou os espaços da Bienal e que a pena para esse crime é de até seis meses de prisão. "No entanto, ela foi condenada a dois anos por destruição de bem, sendo que nenhum bem foi destruído", sustenta o advogado. Os outros dois anos da condenação se referem ao crime de formação de quadrilha. "Mas a acusação era contra ela e outro colega. E não existe quadrilha de duas pessoas", afirma.
A invasão ocorreu em outubro do ano passado. O ataque foi realizado no segundo andar do pavilhão, mantido vazio pela organização do evento, o que rendeu à edição o apelido de Bienal do Vazio. Alguns visitantes aplaudiram a pichação. Uma vidraça foi quebrada.
Caroline chegou a ficar presa por 53 dias. A detenção causou polêmica. Várias personalidades se manifestaram contrariamente à medida, como o diretor teatral José Celso Martinez Correa e o ator Ivam Cabral, dizendo que ela era um atentado à liberdade de expressão. Os ministros Paulo Vannuchi, dos Direitos Humanos, e Juca Ferreira, da Cultura, deram declarações defendendo a libertação da jovem.
Vannuchi comparou o caso da pichadora com o do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, que, na opinião dele, "ficou preso muito menos tempo e por irregularidades muito maiores [Dantas, condenado por tentar subornar uma autoridade policial, passou um dia na prisão." Juca Ferreira chegou a pedir a intervenção do governador José Serra (PSDB-SP) no caso.
MÔNICA BERGAMO...