Um ano do Massacre do Povo Amazônico do Peru


No dia 05 de junho último lembrou-se o primeiro aniversário do Massacre de Bagua, na Amazônia peruana, onde mais de 30 mortos – sem mencionar as pessoas ainda hoje desaparecidas – foram o resultado de uma ação desastrosa do governo daquele país que, optando pela força e descartando o diálogo, ordenou um operativo policial para retirada de manifestantes que bloquevam estradas da região em protestos contra uma série de decretos-lei emitidos pelo presidente Alan García regulando direitos de exploração privada (e estrangeira!) de recursos naturais daquela região, sem consulta às comunidades indígenas que têm nesses recursos o seu meio de subsistência.

A palavra aniversário é usada aqui no seu sentido no vocabulário espanhol, a data em que se completam anos de algum acontecimento, pois obviamente não há nada o que se comemorar. Os enfrentamentos ocorridos em Bagua refletem o descaso do governo peruano para com as populações indígenas predominantes na região amazônica, e sua ânsia por conformar a legislação local – no que se refere a recursos do território – às exigências dos Estados Unidos da América do Norte para a concretização de um Tratado de Livre Comércio (TLC) entre os dois países.

A resistência aglutinada em torno da AIDESEP (Asociación Interétnica de Desarrollo de la Selva Peruana), foi (e é) um retrato do momento político vivido em nosso continente no qual as diferentes nacionalidades indígenas reivindicam seus direitos sobre seus territórios ancestrais, além do direito a serem co-partícipes na definição dos rumos – e do sentido! – que a palavra desenvolvimento deverá ter nos países nos quais estes povos se encontram inseridos.

A criminalização do protesto, com a responsabilização dos manifestantes indígenas pelas mortes de policiais ocorridas no confronto, também mostra a estratégia de tentar retirar a legitimidade das demandas que se expressavam ali, e ofuscar o fato de que o governo se mostrava insensível a elas e fechado ao diálogo. Talvez esperassem que os manifestantes não reagissem ao serem atacados com armas e helicópteros …

É sempre importante lembrar que o Brasil, ainda que não diretamente envolvido naqueles acontecimentos, é parte diretamente interessada no assunto. Empreiteiras “nacionais” como Odebrecht e Andrade Gutierrez têm interesses profundos nos mega-projetos de des-envolvimento da região amazônica peruana.


fonte: http://alter-latina.com/blog


Resistir ao Plano IIRSA!!


Pinta y lutar!!

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